domingo, 31 de julho de 2011

Sejam bem-vindos a esse blog!

Não Quero $er Rico do Jeito Dele$

Xiko Mendes
(Homenagem Póstuma à Dona Esteva Rodrigues de Souza – 5/9/1929-6/7/2010).


Nunca qui$ ser rico.
Minha riqueza é a Vida!
É a vida pulsando nos poros latejantes,
É a vida no silêncio inquieto das formigas,
É a vida na paciência do besouro rolando fezes
Para decompor e transformá-las em adubo.
É a vida de uma criança correndo no meio da chuva
Para deslumbrar-se com os pingos da felicidade.
É a vida nos mares... é a vida na música...
É a vida na poesia...
É a vida como celebração das
Coisas ditas insignificantes pelo olhar interesseiro
Dos ricos, que são pobres,
Mas me acusam de não querer ser rico.
Mas não quero ser rico como eles.
Sobre eles, não nutro inveja ou ambição.
Tenho é compaixão por estarem presos na Gaiola de Ouro
Da qual são prisioneiros em toda a sua Existência medíocre.
O que detesto é a Pobreza, a Avareza, a Mesquinharia...!
Ser pobre de espírito, despir-se da Honra,
Renunciar à própria Dignidade, tornar-se subserviente...:
É isso que é repugnante e contra o qual lutarei sempre!
Não preciso dessa riqueza alardeada por essa gente.
O que quero é ser feliz
Calçando as sandálias da humildade,
Mas sendo visto por minhas virtudes.
Quero deixar marcas em tudo que faço!
Quero sonhar desbragadamente como um condor livre sobre o céu.
É isso que me torna rico!
É isso que é minha norma, que me forma, que me transforma.
Minha riqueza é ficar, horas e horas, sentado,
Vendo o vôo e o pouso de um pássaro.
Como é belo sentir aquilo que os ricos,
Por falta de tempo, não conseguem sentir!
O dólar, a bolsa de valores, os juros, as ambições...
Impedem os ricos de curtirem o suave
Deslocamento das nuvens ou das neves condensadas
Porque desconhecem a linguagem dos esquimós
Para quem as neves têm dezenas de cores,
Tem dezenas de significados e até cheiros diferentes.
Minha riqueza é ter em casa uma biblioteca inteira
Com livros aguardando o toque mágico de meus dedos e olhos
Para decifrar os segredos do Mundo em leituras
Para as quais tenho sentimentos infinitamente indizíveis.
Minha riqueza é esperar, pacientemente(!), pacientemente(!),
O momento do bicho preguiça se movimentar só para
Eu eu perceber que na Natureza não se anda depressa,
Pois nela a rígida regra dia-lógica do Universo
Exige a criteriosa matemática metafísica que
Conta os passos da evolução em ritmos inversos
Aos interesses hipócritas e materialistas da maioria
Dos que se dizem ricos.
Nunca qui$ ser rico!
Detesto ser rico como essa gente!
E enoja-me o Poder guiado em mãos dos Hipócritas!
Contento-me com as únicas riquezas que tenho:
O Sol, as Estrelas, a Luz de minhas manhãs esplendorosas;
A Família;
A Saudade;
O Amor Compartilhado;
A Liberdade!
A Criança que me responde apenas com um sorriso sem preço.
Isso para mim basta!
Ser feliz é um desencontro permanente
Com a felicidade do Ser.
E é isso a única riqueza que restará em minha breve Existência.
Mais nada.
Não quero ser rico!
Obrigado, Deus!!!
Essas são as riquezas que eu juntarei sempre e das quais
“(Re) lembrarei” em meu Silêncio Eterno.


Educar...

Xiko Mendes

Educar...
É mais que vencer as barreiras difíceis.
Educar...
É não se contentar apenas com coisas possíveis.
Educar...
É colocar-se sempre na Encruzilhada do Saber
Sem impor a escolha prévia de nenhum caminho.
Educar...
É desprender as flores dos espinhos
Apreciando o néctar em sentimentos indizíveis.
Educar...
É desenhar na Vida o Melhor Projeto
E lutar por ele com a paciência de um monge.
Educar...
É diminuir distâncias, pois, se “devagar se vai ao longe”,
Então, que se eduque para o Sonho e a Esperança.
Educar...
É penetrar fundo em nosso próprio universo.
Educar...
É dar um toque mágico à Imaginação Criadora.
Educar...
É ver a dialética transformar o que é Abstrato em Concreto.
Educar...
É uma permanente Ação Libertadora.
Educar...
É mais que a busca egoísta do Sucesso.
Educar...
É levar o Homem a sonhar percorrendo o Infinito.
Educar...
É entregar-se, na hora certa, ao Silêncio ou ao Grito.
Educar...
É fazer tudo que para o Mundo parece incrível.
Educar...
É romper as Fronteiras do Impossível!!


Overdose em Barão de Lucasil

Xiko Mendes


Em nossa frente, nos becos da Cidade,
Quem você menos imagina é traficante.
E sabe que contará com a Impunidade
Por ser filho de quem se diz importante.


E essa Galera ganha dinheiro que sobra:
Ilude jovens, pobres e desempregados.
Mas enquanto a Juventude usa drogas,
Os Políticos ficam de braços cruzados.


Aqui o Jovem não tem nada para fazer.
A verba do esporte é alvo de corrupção.
É uma cidade sem nenhum tipo de lazer.
É lugar onde o maior crime é a omissão.


É onde não tem investigação da Polícia.
É uma cidade roubada pelos governantes.
É cidade onde o Povo clama por Justiça,
Mas o Poder Judiciário nunca foi atuante.


Nessa cidade sem polícia civil e promotor,
E sem juiz, delegado e prefeito eficientes,
E sem reclamação de câmara de vereador,
Jovens se drogam como pobres dementes.


Essa elite política é insensível e hipócrita,
Pois sabe que tudo isso está acontecendo.
Mas prefere ignorar e fazer “vista grossa”
A estar reunida, trabalhando e resolvendo.


A Juventude da Cidade clama por socorro;
Quer que se faça investimento em Educação.
E que sejam melhorados os órgãos de apoio,
E que os Jovens exerçam o direito à Diversão.


É hora de dizer: tão culpado quanto o traficante,
É esse governo que nada faz para que nada mude.
Está na hora do Povo mostrar quão é importante
Que se valorize, agora, o futuro dessa Juventude!

Prezados Amigos da Educação,

Deixe aqui seu recado! Esse espaço é para debatermos educação.

XIKO MENDES

Segue abaixo o primeiro texto para futuro debates em nossas salas de aula.

MANIFESTO A.R.C.H.É

A morte de cada homem diminui-me porque eu faço parte da Humanidade; eis porque nunca pergunto por quem dobram os sinos: é por mim”.

(John Done – poeta e teólogo anglicano inglês, 22/1/1572 / 31/3/1631).

                                                                                 Xiko Mendes


ARCHÉ é palavra grega cuja pronúncia é apresentada, sonoramente, como “arqué”. Significa origem ou “Princípio Causador das Coisas”. Essa palavra foi usada pelos primeiros filósofos da Humanidade quando a Filosofia surgiu na Grécia entre os séculos VI e V a.C. Seu uso por esses protopensadores tem como essência compreender a vida e os mistérios do universo, não como PARTES dispersas ou difusas no espaço ou no vácuo do tempo. Mas entender que a VIDA, o Real e o Não-real, devem ser compreendidos como um TODO. Se, como reinterpretou Marshall Berman, “tudo que é sólido se desmancha no ar” – assim pregaram Marx e Engels em seu famoso Manifesto de 1848 – acrescentamos, com John Done, que nada do que é humano é estranho a mim porque nós, humanos, somos, antes de tudo, partes minúsculas da Natureza.
Portanto, se somos partes da Natureza e, conseqüentemente, somos partes do Universo, nós – humanos – devamos adotar o “cosmopolitismo ético-ecológico” no sentido de que o homem não é parte única ou protagonista usucapião do espaço que habita. O Grupo ARCHÉ propõe uma Nova Ética: a de que é necessário compreender que para vivermos nesse espaço, antes precisamos compreender que não somos donos dele, apenas parte dele. Cuidar desse espaço é condição primeira para a nossa própria liberdade. E essa é a razão que guia o Grupo ARCHÉ na busca por uma Nova Consciência propugnadora do HUMANISMO ÉTICO.
Foi mediante o uso da ARCHÉ que esses filósofos produziram os primeiros estudos que geraram reflexões cosmológicas sobre o Ser e o Não-Ser. Nesse sentido, eles compreenderam já naquela época que água, fogo, terra e ar eram as quatro mais importantes archés do Universo. Mais tarde também o número tornou-se princípio ordenador da matéria. Mesmo já tendo passados dois milênios e meio depois desses filósofos, água e número ainda são “archés” que determinam as reflexões do Homem. O aquecimento global, a destruição do planeta e a busca de vida fora do nosso espaço planetário são questões associadas à presença da água. Da mesma forma, a invenção do computador e com ele a origem e aperfeiçoamento da internet são exemplos de descobertas impactantes que não teriam ocorrido sem se associar com o número. Isso comprova que ARCHÉ é assunto atual.
Hoje mais do que em qualquer época, o homem precisa se reencontrar com o conceito de ARCHÉ. Dominado pela ambição, prisioneiro do pensamento cartesiano com uma lógica iluminista excludente e desintegradora, o homem pós-renascentista quer se colocar como o ser mais importante e único no domínio racional do mistério e da matéria. Mas esse homem que acredita na dominação absoluta da natureza e na explicação científica e matemática do Universo tornou-se vaidoso, prepotente e arrogante. O homem por estar tão confiante em suas certezas tem cada vez mais marginalizado a Dúvida – não aquela de um ceticismo imbecil, mas aquela mesmo, “metódico-cartesiana”, que é condição de nossa liberdade e reflexão. Essa é outra proposta do Grupo ARCHÉ.
 Vivemos num mundo desencantado onde tudo é evidente porque parece previsível. Para ficarmos em dois exemplos: meninas e rapazes não namoram, “ficam”; e assim perdem a dimensão do mistério e da surpresa que marcam uma paixão inspirada na curiosidade e na expectativa adiada. A ciência parece dona absoluta do universo, pois a cada dia mostra em infográficos com efeitos especiais, microestruturas de qualquer matéria “decifrando” a dimensão cósmica do inexplicável ou, antes, dito “metafísico”. O mundo parece não ter mais lugar para o segredo, o imponderável e o encantamento. O Grupo ARCHÉ quer que você se reencante com a vida e veja na simplicidade das pessoas e das coisas a grandeza do Universo.
De tanto inventar ou descobrir, o homem perdeu o senso da perspicácia em se reinventar e se redescobrir. Não há mais lugar para a surpresa, a beleza e o deslumbramento. O Grupo ARCHÉ quer devolver ao mundo a beleza das coisas singelas, celebrar a grandeza e os valores nobres do homem simples e anônimo, buscando nele suas lições de sabedoria no contato com os outros seres da terra e do universo com a ressignificação ético-ecológica da realidade. Precisamos nos reencantar com o mundo e com a humanidade. Quando o Homem perde a sutil sensação do Espanto, ele banaliza-se na mesquinhez dos interesses imediatistas.
O Novo Humanismo Ético que o Grupo ARCHÉ propõe deseja uma OUTRA CONSCIÊNCIA: a de que sem uma relação cósmica harmoniosa entre nós, humanos, e os outros seres da Natureza, e entre nós e cada parte do Universo, a vida humana desumaniza-se na estreiteza de uma visão de mundo tacanha por ser antropocêntrica, ególatra e maniqueísta. Por isso, o Grupo ARCHÉ propõe como inadiável o debate pedagógico sobre a REORGANIZAÇÃO DO PENSAMENTO HUMANO. É preciso REORGANIZAR o pensamento cartesiano-iluminista – que cotiza o valor da vida em estatísticas frias e em desejos calculistas – para ajustá-lo a um outro pensamento filosófico-científico: esse que produz em cada um de nós a CONSCIÊNCIA HUMANISTA E ÉTICA, instauradora do Homem-Universo em si mesmo, o todo dentro das partes em cada espaço sideral perdido no confuso espectro metafísico como ilha suspensa no Cosmo indefinido.
O século XVII, tempo de Galileu e Descartes, foi a época da revolução científico-tecnológica que criou esse Racionalismo “irracional”, cartesiano, que tornou a humanidade prisioneira do mecanicismo: essa filosofia que explica o corpo humano e a natureza como máquinas pré-programadas para fazerem o que o Homem predetermina. Mas nem tudo no Universo é óbvio ululante.  O Grupo ARCHÉ quer REUMANIZAR o homem e devolvê-lo ao reino da natureza. E isso significa fazer da nossa Cultura e da EDUCAÇÃO instrumentos interativos na divulgação de uma consciência ético-humanista.
O Grupo ARCHÉ propõe que o “Homem Vitruviano”, imaginado por Leonardo Da Vinci, seja o Homem que repensa a si mesmo e o universo, não mais como máquina, mas portador de uma razão libertária e criadora de musicalidade e poesia no diálogo permanente entre a infinitude do Cosmo e as fronteiras abertas e movediças do Caos. Essa Nova Arché se propõe a ser a REORGANIZADORA do contato entre Cosmo e Caos, isto é, entre o pensamento cartesiano-mecanicista para quem só somos máquinas, para o Pensamento Sistêmico ou ético-ecológico que nos ensina a conviver com as diferenças, a respeitar a humanidade e os animais como partes de um TODO planetário nos REEDUCANDO para a busca da cidadania e da democracia.
Esses são os PRINCÍPIOS CAUSADORES de uma Nova Consciência por um Humanismo Ético: 1) – Entender que tudo que afeta o homem afeta a natureza e o universo, e vice-versa, o que em contrapartida faz com que toda ação humana consciente deve levar em conta primeiro o impacto dessa nossa ação sobre a vida em sua totalidade: a vida do homem e as outras formas de vida existentes em qualquer galáxia. 2) – Tudo que é humano, antes de tudo, é parte de mim, da natureza e do Universo. 3) – Amar uns aos outros acima de tudo, mas, sobretudo, amarmos em essência e de forma profunda e abnegada os seres que coabitam nosso planeta independente de ser ele humano, um besourinho, uma lesma ou um bicho peçonhento. 4) – Reaprender a deslumbrar-se com a beleza das coisas simples celebrando a humildade. 5) – Ser ético, antes de tudo, é ser humanista consciente de que o Homem é, sim, um centro da racionalidade reinstauradora do Mundo e da liberdade. Mas, antes, somos humanistas limitados pela incapacidade de se saber de tudo, pois, diria Sócrates “Só sei que nada sei”, e isso basta para compreendermos a necessidade da busca eterna e infinita pelo conhecimento sem nunca nos tornarmos prisioneiros da visão errada de querermos seqüestrar o mundo aprisionando-o na imagem do “Homem Vitruviano”.
Somos o Grupo ARCHÉArgonautas Reorganizadores da Consciência Humanista e Ética. Argonautas no imaginário mítico dos gregos eram seres legendários e navegantes que buscavam nas viagens em alto mar, mais que o Tosão de Ouro, buscavam penetrar o desconhecido, decifrar os segredos do mundo sem conhecê-los todos e sem profaná-los. Argonautas são todos aqueles cujo “tosão de ouro” é o DESPERTAR ético-ecológico e pedagógico DA PRÓPRIA CONSCIÊNCIA entorpecida pela ganância, pela prepotência e arrogância que “desracionalizam” o Homem e o Mundo.
Cultura e Educação são as duas ARCHÉS do mundo em que vivemos. A Cultura é o templo sagrado para a nossa busca de referenciais na transformação da relação entre Homem e Natureza enquanto a EDUCAÇÃO é a bússola para devolver a poesia e a musicalidade da vida e do universo ao coração e à mente de homens e mulheres insensíveis à simplicidade, à humildade e à coexistência das diferenças. Assim sendo, o Grupo ARCHÉ quer, por fim, que nós, Humanos, reencontremos dentro de cada um o Homem Ético-Humanista que perdemos na caminhada pós-renascentista que deu origem a esse mundo cartesiano dentro do qual paixão, amor, família, natureza, felicidade e nobreza de caráter são “valores” medidos matematicamente pela ótica interesseira dos que se dizem saber tudo. Mas não sabem o mínimo necessário para compreender que não somos nada, além disso: meros navegantes ou ARGONAUTAS em alto mar procurando se reencontrar com nós mesmos como partes de um todo porque somos Homem-Universo. Mas o Universo não é humano: é mistério, é matéria, é surpresa, é espanto metafísico. E essa descoberta sem fim é que nos tornam humanos.
Um homem só é plenamente feliz quando ele encontra na encruzilhada os segredos de um novo caminho. Duvidar é libertar-se. Viver é (re) encantar-se. Permanentemente!


(Meus) Momentos de Silêncio

Xiko Mendes – um certo incerto professor.
Reflexões sobre “certas” Avaliações Pedagógicas Semestrais em algum lugar do Planeta Educação.

O Silêncio é o grito da Razão
Quando a Emoção tortura (oprime e reprime) sentimentos indizíveis.
É o itinerário da pedra em “ritual de suicídio”
Deslizando-se em estilhaços rumo à imensidão do abismo.
O Silêncio é essa resposta metafísica perdida na finitude indecifrável
Que sou eu, em silêncio, tentando compreender quanto
O Labirinto é fantasticamente necessário à busca de outros caminhos
Sem usar os caminhos habituais que você, a cultura e o mundo
Indicaram como rotas existenciais do meu ser agonizante.
O Silêncio é o triunfo da Prudência sob a imbecilidade sublime dos
Falastrões insensatos que fingem ser sábios no
Pedestal dos Babacas.
O Silêncio é a central “escutatória” no diálogo dialÉtico entre
As galáxias, paralisadas, ante os mistérios do Universo.
O Silêncio é o monge em solidão com o pensamento pousando-se
Sob o cume da montanha, ouvindo canto gregoriano; e
Constatando quanto muitos seres humanos (quando falam) são,
Desumanamente, dispensáveis e idiotas;
Absolutamente inúteis ou fúteis em sua Existência medíocre!
Assim é o Silêncio: uma poeira cósmica em torno do Buraco Negro
Sugando as verborragias bajulatórias ou verrinárias
Na esquina onde fazem plantão os demagogos e canalhas.
Mas o Silêncio quando é usado por esses Oportunistas
Para justificarem seus interesses subjetivos,
Suas conveniências maledicentes...
É um ato covarde daqueles que se calam,
Propositadamente, porque, neste caso, e só neste caso,
O Silêncio é o refúgio dos hipócritas e calhordas mercenários.