sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

INTERDISCIPLINARIDADE (texto de XIKO MENDES).

PROJETOS INTERDISCIPLINARES:
sua escola precisa trabalhar com eles!

“Um educador é um fundador de mundos, um mediador de esperanças, um pastor de projetos”. (Rubem Alves).

Xiko Mendes

A interdisciplinaridade é, hoje em dia, um dos projetos adotados por escolas inovadoras cuja concepção fundamenta-se nos princípios eco-pedagógicos da Educação do Futuro – aquela que, ao se preocupar com a formação do Novo Homem no século XXI, oferece-lhe diferentes visões sobre a realidade que o cerca, sobretudo procurando fazê-lo compreender tudo por meio de percepções holísticas. O pensamento holístico ou sistêmico tem como finalidade perceber as coisas como um todo e não em partes – como é comum na transmissão do conhecimento pelo professor de cada disciplina. Construir uma visão de mundo não fragmentada da realidade é o objetivo mais importante na aplicação e avaliação de projetos interdisciplinares.
A Eco-pedagogia – com o seu conjunto de propostas para um novo processo de ensino-aprendizagem onde as interações Homem-Natureza são percebidas como um todo a ser valorizado mutuamente – é a base desse novo pensamento. Com ela a escola abandona a velha didática baseada no pensamento mecanicista cartesiano, predominante desde o século XVI, que criou o “mundo dos especialistas que se dizem entender tudo de apenas uma coisa”, mas ignoram tudo o que está fora de sua área de especialização. Esse tipo de educador precisa adquirir essa nova percepção norteadora de um novo olhar sobre formas de produção e aquisição do conhecimento sob diferentes pontos de vista.
A Interdisciplinaridade não é só um trabalho integrado em que professores de diferentes disciplinas se juntam para desenvolver uma atividade pedagógica comum (um tema gerador, por exemplo). Ela é mais que isto: é a possibilidade que o educador tem de interagir o seu saber com o saber dos outros professores, dos pais, dos alunos... compartilhando contatos, troca de idéias e mistura de percepções (visão sinestésica das coisas) por meio das quais a formação do futuro cidadão vai se construindo com base na filosofia da práxis. A práxis é essa nova visão de que a escola tem ao mesmo tempo a missão de ensinar a teoria testando-a na prática político-pedagógica do professor e confrontando o aluno com a realidade que ele vivencia e onde vive.
A interdisciplinaridade, assim entendida, só tornar-se-á possível quando a maioria dos professores permitir essas diferentes interações (professor/professor; professor/pais/alunos, entre outras) como prova de que todos são portadores de saberes indispensáveis à compreensão do mundo e à transformação dele. Para isso, o professor precisa reconhecer, antes de tudo, que não sabe de tudo. Esse é o primeiro passo para a construção de PROJETOS INTERDISCIPLINARES porque o sucesso deles dependerá do envolvimento de todos, do desejo que todos têm em aprender com o outro o que não sabia ou de reaprender o que fazia com uma outra ou nova visão sobre o fazer.
Conhecer e valorizar o município de Formoso implica, pois, nessa necessidade de todos os professores se envolverem com a prática dessa nova concepção de educação que enxerga a formação do cidadão formosense não apenas como tarefa exclusiva do Professor responsável pelo PROJETO HERMES – História Especializada em Realidade Municipal com Estudos Socioambientais – mas de todos nós, Povo e professores de outras disciplinas. Com essa missão delegada a cada colega professor, apresentamos aqui apenas DUAS SUGESTÕES de projetos interdisciplinares que sirva de ponto de partida. E que as escolas de Formoso construa vários deles com sucesso.

IN: MENDES, XIKO. ECO-HISTÓRIA LOCAL: FORMOSO EM SALA DE AULA, Unifam, 2007.

POEMA DE XIKO MENDES SOBRE EDUCAÇÃO.

Um Professor Indignado com os Malditos “Anjos de Azul”

                                                                 Xiko Mendes

Eles vêm à sorrelfa no meio da noite;
São íncubos: sugam neurônios e axônios;
Fazem apologia da ignorância e da cleptocracia;
Detestam gente que tem consciência política.
A Política, para eles, é a arte de matar cérebros.
Uns fingem ser amigos da gente;
Só para nos cooptar.
Quando vêem que alguns de nós
Colocam as convicções acima dos cargos,
Dos subornos e da troca de favores,
Aí se afastam, nos retaliam.
Na pedagogia desses malditos Anjos de Azul
Quem não reza na cartilha chapa branca
É transferido de escola ou até de cidade;
É vítima de perseguição política.
A “Justiça” é a deles!
Não há critérios na tomada de decisões;
O critério é ser “amigo do rei”.
Adversários não têm direito de defesa!
Odeiam Professores que questionam muito,
Que não reproduzem a ideologia burguesa do
Livro Didático Preto ou Azul.
Amam professores alienados,
Que trazem esquemas prontos, decorados;
Que brigam para dar aulas sempre nas mesmas turmas.
Sabem por quê?
A Alienação transforma o Homem
Porque retira dele o direito de ser ele próprio.
Fui condenado por eles a sempre mudar de escola.
Dizem que sou “maluco”, falo demais, questiono demais!
Mas adoro ser louco.
A Loucura é o Suspiro da Razão!
Só os loucos não furam greve;
Só os loucos recusam as bênçãos dos Anjos de Azul!
Só os loucos fazem cumprir a profecia de Paulo Freire:
“A Leitura do Mundo precede a Leitura da Palavra”.